O tal homem passou por mim como se estivesse mais interessado no estado do veículo do que em mim.Olhei incrédula pra ele, como as pessoas podiam ser assim? me perguntava.Fiquei observando-o e vi quando ele fez o sinal da cruz.
-Mas porque é que ele fez o sinal da cruz? me perguntei imediatamente.Nesse instante fiquei gelada, vai ver tinha mais alguém comigo e com a pancada na cabeça me esqueci!
Assustada coloquei a mão na boca, não podia ser!
Um nó na garganta, um desespero se apossou de mim.Tudo aquilo só podia ser um sonho!
Me escorando ainda no carro, fui para o outro lado.Um calafrio percorreu-me a espinha, senti que literalmente, perdia o chão.
Eu simplesmente estava lá, toda estirada no asfalto sobre uma imensa poça de sangue!
-Não pode ser, exclamava.Como isso era possível se eu estava alí vivinha da silva!
O homem pegou o celular, de certo para pedir ajuda, óbvio.Me aproximei mais dele, mas ele parecia não me notar.Achei que ia desmaiar ante a pressão que estava sentindo no peito, quando olhei novamente para o céu e vi que aquela luz de antes, agora estava bem mais próxima de mim.Definitivamente não era um avião, era como uma bola de luz.Parou a certa distância e pude notar uma pessoa caminhando em minha direção.Não conseguia raciocinar direito, estava confusa.Era estranho havia muita luz envolta daquela pessoa, conforme se aproximava uma calma ia me invadindo.Com os olhos marejados de lágrimas vi um já senhor de cabelos grisalhos sorrindo pra mim.Senti imenso alívio, havia algo de muito familiar naquele rosto que não sabia o quê exatamente.Estendeu-me a mão como para seguí-lo.Tornei a olhar aquele dito corpo no asfalto, e senti um aperto no peito e milhões de perguntas se formando instantâneamente em minha mente.Talvez, aquele senhor pudesse me dar as respostas que tanto precisava, então, seria melhor que o acompanhasse mesmo.Peguei em sua mão e no mesmo instante, senti uma imensa calma invadir minha alma.Era uma sensação tão boa que por um momento tudo foi sumindo e perdendo a importância, apenas aquele sentimento de paz existia.Percebi que estávamos saindo do chão, mas isso também perdera a importância.Já ao longe, ouvia timidamente o som das sirenes, e superficialmente imaginava a correria das pessoas, dos bombeiros, enfim, mas o fato é que a cada segundo definitivamente tudo ia ficando cada vez mais distante e sem sentido.
Agora, não queria mais pensar em nada, apenas desfrutar a delícia daquela paz, daquele momento... o resto ao menos por enquanto não mais importava.
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